terça-feira, 5 de junho de 2012

Nanotecnologia: um atrativo para a indústria cosmética e alimentícia





Já pensou em fazer o uso de bebidas "interativas" que mudam de cor? Ou ainda consumir um produto cuja embalagem nos indicaria quando efetivamente o alimento não estaria mais adequado ao consumo? Esses são produtos da nanotecnologia, a grande promessa do século XXI.

Nanotecnologia é a pesquisa e produção em escala nano (ou escala atômica) que vai de 1 a 100 nm. Nessa escala, a propriedade dos materiais varia muito quando comparados aos convencionais.
A nanotecnologia começou a ser divulgada na década de 80. Apesar de ainda estar em fase inicial de desenvolvimento, estudos realizados até então indicam ser uma área promissora de pesquisa e desenvolvimento.

Nanotecnologia em alimentos
A nanotecnologia apresenta grande potencial na área de alimentos. Algumas de suas utilizações são: purificação da água; liberação lenta de nutracêuticos; microencapsulação de aditivos; desodorização; como antimicrobiano e antifúngico; embalagens mecanicamente mais fortes e termicamente melhores; embalagens que indiquem ao consumidor que o produto não está mais em condições de consumo. (Chau et al. / Trends in Food Science & Technology 18 (2007) 269e280)

Nanotecnologia em alimentos x nanotecnologia na cosmética

Apesar de ser uma tecnologia ainda muito recente e pouco estudada, a nanotecnologia já faz sucesso na área da cosmética. Produtos com nanoesferas já não são novidades, e ganham cada vez mais destaque no mercado.
Graças aos seus efeitos mais satisfatórios, nesse ramo, a nanotecnologia se mostra como um chamariz, sendo destacada nas embalagens, nos comerciais, e em alguns casos, fazendo parte do nome do produto: Nanopeeling, Nanoserum e Nanolip, da linha VitACTIVE.

Segundo estudos feitos até agora, o uso de nanotecnologia na área de alimentos traria muitos benefícios. E talvez já o faça. No entanto, as indústrias não assumem o uso dessa tecnologia, apesar de informações externas afirmarem que "nanoalimentos" já fazem parte do nosso cardápio.
Daí surge o questionamento: por que as indústrias do ramo de alimentos não confirmam o uso de nanotecnologia, se no ramo da cosmética ela funciona até como atrativo para o consumidor?
Tentando responder essa perguntas, podemos discutir a questão da segurança. Ainda faltam muitos estudos até que se chegue à conclusão do quão segura é a utilização de nanotecnologia em alimentos. Nanopartículas, ao caírem na corrente sanguínea, podem alcançar órgãos como cérebro, gerando efeitos indesejados. Além disso, a nanotecnologia aumenta a absorção e diminui a eliminação dos produtos pelo intestino, o que aumenta a biodisponibilidade destes no organismo. Mas, se a aplicação tópica também pode causar toxicidade, então porque a indústria cosmética não teve o mesmo cuidado antes de "popularizar" a nanotecnologia?
Outra questão que pode explicar o fato da não divulgação da nanotecnologia em alimentos é a aceitação do público. Os consumidores, que já não tem informações suficientes sobre nanotecnologia (M. Siegrist et al. / Appetite 51 (2008) 283–290), podem ficar muito receosos quanto a sua segurança diante dessas mudanças, e com isso as indústrias perderiam clientes.
Só o avanço nas pesquisas científicas vai responder se a nanotecnologia nos alimentos vai conseguir chegar - abertamente - às prateleiras. Por enquanto, o assunto começa a aparecer na mídia, e a ser discutido pela sociedade. Já podemos dizer que a discussão vai ser longa, porque quando o assunto é comida, a resistência é grande.

Postado por: Beatriz Costa
Glauce Barbosa

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